OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA ÁGUA BRANCA

A comunidade da Zona Oeste quer informações mais detalhadas sobre todas as intervenções previstas na Operação Urbana Consorciada Água Branca. Quer a realização de Audiências Públicas Temáticas (drenagem, patrimônio, viário, equipamentos públicos, mudanças climáticas, uso e ocupação do solo dentre outros), e de Audiências Públicas Devolutivas, com tempo suficiente para compreensão do problema e debates/proposições, visando o estabelecimento de um diálogo maduro, responsável, competente e comprometido com a sustentabilidade e a qualidade de vida de nossos bairros e moradores.

Impactos Arena Allianz Parque / Palmeiras. Dossiê entregue ao Ministério Público.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PROMOTOR DE HABITAÇÃO E URBANISMO DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL

REF.: Impactos da Arena Allianz Parque 

Nós abaixo assinados, moradores das ruas do entorno da Arena Allianz Parque e da Sociedade Esportiva Palmeiras, no bairro da Água Branca, Capital, São Paulo, vimos respeitosamente apresentar os problemas que temos sofrido nos dias de jogos e shows realizados na Arena Allianz Parque, desde a sua inauguração em 19 de novembro de 2014 e no dia a dia com algumas das atividades na sede social da S. E. Palmeiras.

Arena Allianz Parque
A Arena Allianz Parque, administrada pela WTorre e S. E. Palmeiras, tem capacidade para receber um público declarado de até 55 mil pessoas e está localizada em uma região muito adensada, entre centenas de prédios residências e comerciais, casas, comércios, 2 shoppings, SESC, teatros, casas noturnas, e entre as principais avenidas de ligação das regiões central, oeste e noroeste da cidade.  Não dispõe de acomodação interna de público, que aguarda em filas nas calçadas e ruas e entra por 4 portões, localizados na Rua Turiaçu (A), Avenida Francisco Matarazzo (B) e Rua Padre Antonio Tomas (C e D), dividido em filas por setores de cadeiras. A torcida visitante entra pelo portão D (Rua Padre Antonio Tomas em frente à Rua Teixeira e Souza). A Arena dispõe de um estacionamento com capacidade declarada para até 2.000 veículos, localizado também na Rua Padre Antonio Tomas, com acesso pela Av. Francisco Matarazzo. A Rua Padre Antonio Tomas está com 2 desvios para trânsito, na altura da Rua Higino Pelegrini (PS 9) e na esquina com Av. Antártica (PS 10), postos de serviços (PS) da obra de drenagem do córrego Sumaré, da SPObras/PMSP.
O EIV RIV (estudo de impacto de vizinhança e relatório de impacto de vizinhança, assinados pelo engenheiro civil Jonas Mattos), teve sua aprovação pela prefeitura publicada no DOC de 29 de setembro de 2010. A Certidão de Diretrizes da CET (pólo gerador de trânsito) 018/10, foi emitida em 20 de abril de 2010 e retificada em 02 de março de 2013, contendo 18 diretrizes.
Em 15 de julho de 2011, a 1ª Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo do Ministério Público de São Paulo instaurou o Inquérito Civil – IC nº 301/10, atendendo ao pedido do Conselho de Segurança de Perdizes e Pacaembu – CONSEG (representando os moradores do entorno do estádio Palestra Itália), para investigar a construção de arena no estádio “Palestra Itália”, sob a alegação de que a obra traria impactos negativos à população do entorno e ao sistema viário da região. O IC (Processo 0025350-45.2011.8.26.0053), aponta irregularidades no licenciamento da obra, indica que “o Relatório de Impacto de Vizinhança (RIVI) produzido pela WTorre subestima os impactos ambientais e urbanísticos que o equipamento trará para o entorno” e pede, por meio de liminar, a interrupção da obra de construção da Arena e anulação dos respectivos alvarás e pronunciamento da CEUSO/PMSP, “sob pena de se concretizar dano ambiental e urbanístico irreversível”.  A tutela foi indeferida e a decisão mantida pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo em 01 de março de 2012 (Agravo de Instrumento nº 0189715-81.2011.8.26.0000).
Em 25 de fevereiro de 2013, a 2ª Vara da Fazenda Pública da Capital, em publicação no Diário de Justiça Eletrônico nas páginas 746 e 750, determina ao Ministério Público a realização de perícia técnica para esclarecer:
1º. Os documentos apresentados no processo administrativo nº 2009- 0.052.799-0 demonstravam a efetiva execução de serviços e obras no período de 2002 a 2008, pertinentes ao Alvará de Aprovação e Execução de Reforma nº 8000773961-03, emitido em 29.1.2002?
2º. As obras que a SEP alega ter executado para dar suporte ao pedido de validação do alvará de 2002, foram demolidas a partir da aprovação do projeto referente ao Alvará de Aprovação e Execução de Reforma nº 8000773961-04?
3º. No período de 2002 a 2008, existem documentos que comprovem que a SEP efetuou pagamentos para as empresas prestadoras dos serviços executados?
4º. Há indícios de que os referidos documentos sejam ideologicamente falsos, diante do discorrido na inicial, itens 23, 26 e 27, da inicial?
5º. Haverá impacto ambiental e/ou urbanístico no entorno da Arena, considerando as condições existentes quando da realização de eventos no antigo Palestra Itália e no futuro estádio?
6º. A obra trará impactos negativos à população do entorno e ao sistema viário da região?
7º. O Parecer nº 019/DECONT-2/2010, do Grupo Técnico de Avaliação de Impacto Ambiental, do Departamento de Controle da Qualidade Ambiental, Divisão Técnica de Licenciamento Ambiental (fls. 672/692 3º volume) seria falho ao analisar o impacto?
8º. O Relatório de Impacto de Vizinhança tratou adequadamente todos os aspectos que envolvem o empreendimento, em especial referentes ao ruído, como gritos da torcida e som de alto-falantes em eventos musicais e religiosos ou há necessidade de complemento, conforme, aliás, verificado no parecer de Jorge Wilheim (fls. 1378 6º volume)?
9º. Quais foram as obrigações assumidas pela SEP e/ou pela WTorre perante a Administração, inclusive perante a CET, para reduzir os impactos do pólo gerador de tráfego?
10º. Estas obrigações, se existentes, são suficientes para mitigar os impactos que a obra trará?
11º. Estas obrigações, se existentes, são compatíveis com obrigações assumidas em outros empreendimentos do mesmo porte?
12º. O projeto modificativo em substituição ao projeto anterior (nº 8000773961-03) que culminou na emissão do Alvará de Aprovação e Execução de Reforma nº 8000773961-04, em 6.10.2010, se tratava, tecnicamente, de projeto modificativo ou de novo projeto?
13º. Em se tratando de um novo projeto, e caso fosse necessária a emissão de novo alvará, a aceitação pela Administração como se projeto modificativo fosse, causou algum tipo de prejuízo à Municipalidade ou teve a SEP alguma vantagem no procedimento?
14º. Seria possível a emissão de novo Alvará de Aprovação e Execução de Reforma para a execução da Arena, considerando a legislação vigente no ano de 2010?
15º. Qual o percentual de permeabilidade que SEP possuía, contemporânea à época da regularização da sede? Este percentual era compatível com a legislação vigente à época?
16º. Há demonstração de que, depois da nova obra, a SEP manterá 40% de áreas permeáveis e destinadas à implantação e preservação de ajardinamento e arborização?
17º. A considerar o projeto aprovado e executado, dá para se identificar qual será a destinação essencial da Arena? A Arena tem característica para ser utilizada, essencialmente, como praça para realização de jogos de futebol ou para a realização de espetáculos artísticos diversos?
18º. Trata-se de obra nova ou de reforma?
19º. Haverá mudança de uso em desconformidade com o Plano Diretor Estratégico da Cidade de São Paulo (Lei Municipal nº 13.430/2002)?
20º. As áreas a serem construídas estão dentro dos coeficientes básicos para o zoneamento ou haveria necessidade de outorga onerosa?

Desconhecemos o resultado desta perícia técnica.

Apresentamos, a seguir, o relato e o registro fotográfico do que acontece nas ruas do entorno da Arena Allianz Parque e Sociedade Esportiva Palmeiras em dias de jogos e shows, e as consequência na vida dos moradores e na dinâmica desta região da cidade:
1) Em dias de jogos e de shows, as ruas Padre Antonio Tomas, Barão de Tefé, Higino Pelegrini, Teixeira e Sousa, Embaixador Leão Veloso, Turiaçu, e avenidas Francisco Matarazzo, Pompéia, Antártica e Sumaré, entre outras, são bloqueadas total ou parcialmente, para receber os milhares de frequentadores dos eventos realizados na Arena: show do Paul McCartney – 2 dias com 55 mil pessoas cada, show do Roberto Carlos – 35 mil pessoas, jogo Palmeiras X Santos – 40 mil pessoas). Grades são colocadas nas ruas Turiaçu e Padre Antonio Tomas, e em uma das mãos da Avenida Francisco Matarazzo e em suas calçadas, para organizar a entrada de público nos portões da Arena, obrigando o pedestre a caminhar pelas ruas. Filas são formadas nas ruas, avenidas e calçadas (nos dois dias de show do Paul McCartney, 9 ruas e suas calçadas foram ocupadas por filas). Mesmo as áreas organizadas para pedestres são ocupadas por filas. Na saída dos eventos, o público da Arena invade avenidas e corredores de ônibus. Estas grades bloqueiam a entrada de alguns prédios localizados na Rua Padre Antonio Tomás.
2) O número de carros que se destinam à região em dias de eventos na Arena aumenta significativamente, interferindo na circulação das principais vias de acesso das regiões Central, Oeste e Noroeste. Os viadutos Antártica e Pompéia, as avenidas Antártica, Sumaré, Francisco Matarazzo, São João e Marquês de São Vicente, as ruas Turiaçu, Guaicurus e Clélia, entre outras, já sobrecarregadas, ficam com grande congestionamento. Há também o impacto cumulativo do fluxo de veículos dos moradores e trabalhadores desta região bastante adensada e dos que se destinam aos shoppings West Plaza e Bourbon, ao teatro do SESC Pompéia, ao Teatro Bradesco, UNINOVE campus Barra Funda e demais bares e casas noturnas localizados no bairro. No dia 18 de abril, diversos clientes do shopping Bourbon ficaram presos por horas numa fila na saída do estacionamento pela Rua Turiaçu, bloqueada por causa do público do show do Roberto Carlos.
3) Em dias de jogos, o Batalhão de Choque e a Cavalaria da Polícia Militar bloqueiam a Rua Padre Antonio Tomas com placas de metal e as Avenidas Áureo Soares de Moura Andrade e Francisco Matarazzo, Ruas Barão de Tefé e Higino Pelegrini, para impedir o contato entre as torcidas do Palmeiras e do time adversário, sendo que até os moradores são impedidos de atravessarem o local, dificultando saírem ou chegarem em casa. É comum carros e cavalos da polícia militar ficarem nas calçadas, obrigando os pedestres a circularem pelas ruas. Os bloqueios não são informados pela CET, que alega ser de responsabilidade do Batalhão de Choque.
4) Não há estacionamentos suficientes para todos os carros, e muitos estacionam sobre calçadas, na frente de garagens e em locais com proibição de estacionar. É comum motoristas entrarem na contramão, orientados por flanelinhas, que ficam circulando entre os carros no trânsito. Na venda de ingressos (Av. Francisco Matarazzo), a administração da Arena não libera seus estacionamentos para os compradores, que estacionam seus carros sobre a calçada, obrigando os pedestres a andarem pela rua.
5) Há grande risco de segurança todas as vezes que há confronto entre torcedores ou torcedores e PM ou Batalhão de Choque.
6) Vendedores ambulantes irregulares atraídos pelo grande fluxo de pessoas, ocupam as ruas, entradas dos prédios e garagens. Durante os jogos, o coreto da Praça Conde Francisco Matarazzo Jr. tem sido utilizada por ambulantes para a feitura e comercialização de churrasco.
7) Inúmeros cambistas negociam venda de ingressos no entorno da Arena.
8) Ao final dos eventos, é grande a quantidade de lixo deixado pelos frequentadores da Arena e por ambulantes. Em alguns trechos, além de fezes de cavalos da PM, as vias públicas são usadas como banheiro pelos frequentadores da Arena. O lixo deixado pelos ambulantes nas lixeiras não são recolhidos pela coleta domiciliar por não estarem acondicionados em sacos plástico.
9) O tratamento acústico da Arena Allianz Parque não impede o vazamento de som amplificado dos shows. Foi possível ouvir de dentro dos apartamentos dos prédios localizados no entorno próximo da Arena, o som alto dos shows do Paul McCartney realizados nos dias 25 e 26/11/14 e do Roberto Carlos, no dia 18/04/15.
10) A fiscalização da CET, Subprefeitura e PM na Av. Francisco Matarazzo, nas Ruas Padre Antonio Tomas e Turiaçu fica concentrada nas calçadas da Arena Allianz Parque. No trecho da Rua Padre Antonio Tomas, entre a Rua Teixeira e Sousa e Avenida Antártica, e nas demais ruas do entorno, onde ficam as residências, não há fiscalização e medidas de segurança. Na Rua Turiaçú, a fiscalização fica parada no trecho entre a Praça Marrey Júnior e Rua Diana.
11) Considerando o desrespeito patente à legislação municipal (comércio ambulante irregular, estacionamento em local proibido, tráfego na contramão, lixo jogado pelas ruas, lixo criado pelos ambulantes, uso da rua como banheiro, fezes dos cavalos da PM,  ruído, segurança) constantemente pedimos providências, por meio de SAC, e-mail e telefonemas, para a Subprefeitura da Lapa, GCM, CET, PM, CONSEG, S.E. Palmeiras e WTorre. Os efetivos disponíveis para orientação e fiscalização são insuficientes frente a demanda e as medidas de fiscalização realizadas são pontuais e geralmente em um período bem anterior do início e não se mantêm até o término dos eventos. Não há comunicação prévia das medidas tomadas pela CET, PM, Batalhão de Choque e Subprefeitura da Lapa com os moradores do entorno da Arena.
Todos estes fatos relatados cerceiam o direito das pessoas saírem ou entrarem nas residências ou locais de atividades, de circular na região a pé ou de carro, receber um atendimento de emergência (muitos moradores idosos), receber familiares e visitas, obrigando os moradores a mudarem suas rotinas, impedindo o direito de ir e vir sem constrangimentos. Entendemos que é responsabilidade dos administradores da Arena Allianz Parque – S. E. Palmeiras e WTorre, providenciar acomodação de seus frequentadores em local interno, sem utilizar para isso ruas e calçadas, ainda que para tal, precise reduzir a capacidade de público dos eventos; oferecem riscos para a segurança, provocados, entre outras situações, pela permanência de pessoas em filas para eventos na Arena ou acampadas nas calçadas, durante dias e noites nas entradas de prédios, expondo o cotidiano dos moradores; pelo grande número de flanelinhas e cambistas circulando livremente na região com atitude impositiva; pelo risco de sermos alvos de roubos e furtos; e pela exposição de moradores, pedestres, motoristas, comerciantes e torcedores às balas de borracha, gás e pedras, como ocorreu durante o conflito entre a PM e torcedores do Palmeiras no dia 08/02/15. O ruído provocado pelo vazamento do som amplificado dos shows prejudica o descanso e o sossego dos moradores dos prédios que estão próximos da Arena (divisa).
Os moradores das Ruas Turiaçú e Padre Antonio Tomas, pela localização dos condomínios, alguns fazendo divisa com a Arena, são os maiores impactados com os problemas relatados.
Analisando o Estudo de Impacto de Vizinhança e Relatório de Impacto de Vizinhança – EIV RIVI e reiterando o já apontado pelo Ministério Público no IC nº 301/10, o EIVI RIVI é insuficiente e não considera: que o público se dirige à região com antecedência maior do que 2h, muitas vezes acampam nas calçadas nos dias anteriores ou chegam pela manhã; o impacto do fluxo de pedestres nas ruas e calçadas, em especial o de shows (eventos com 55 mil pessoas); a ausência de acomodação interna do público da Arena, e a utilização de calçadas, ruas e avenidas para acomodar as filas; a capacidade das ruas e avenidas para receber carros do público da Arena; a insuficiência de vagas para estacionamento de carros, na Arena e na região; o volume de ambulantes vendendo lanche, bebidas alcoólicas, bandeiras e roupas, em barracas, a pé ou em carros; o impacto de ruído sonoro do som amplificado dos shows nos apartamentos localizados próximos da Arena; o impacto de torcedores que permanecem concentrados antes do início dos jogos nas Ruas Turiaçú, Caraíbas e Teixeira e Sousa, onde ficam as sedes das torcidas organizadas; os impactos cumulativos das demais atividades da região e do adensamento atual.
Destacamos um trecho do IC 301/10, que analisa as falhas do Estudo de Impacto de Vizinhança e do Relatório de Impacto de Vizinhança (EIV RIVI) da construção da Arena Allianz Parque / Palmeiras, que, passados os anos, somos vitimados pela sua comprovação:
“ – quanto ao sistema viário e transporte, o RIVI não especifica o itinerário das linhas de ônibus e a localização dos pontos de embarque e desembarque de passageiros (por mapas), nem as condições físicas e operacionais desses pontos, condições das calçadas, locais de abrigos e espaços suficientes para acomodar os usuários em dias de jogos/eventos; não analisa os níveis de oferta nos serviços de transporte coletivo no entorno e a contribuição do empreendimento no carregamento atual de transportes (demonstração do aumento de demanda de passageiros com a realização dos eventos no local e a suficiência dessas linhas); não indica a localização dos pontos de táxis do entorno e sua capacidade (nº de vagas disponíveis); carece do mapeamento das principais rotas de chegada e saída do empreendimento (avaliação, p. ex., das condições de caminhamento de pedestres no entorno, para o embarque e desembarque, em especial para pessoas deficientes); o estudo subestima o volume de viagens a serem geradas para veículos automotores, obrigando cerca de 1900 veículos a utilizarem as vias públicas e estacionamentos particulares nas proximidades da Arena; da mesma forma, desconsidera a afluência de ônibus fretados com torcedores de times de fora, que vão impactar o sistema viário e não terão locais para estacionamento; o RIVI não contemplou estimativas de demanda, com e sem o empreendimento, com jogos e eventos nos dias de semana e nos finais de semana, deixando de abordar os reais efeitos na mobilidade e acessibilidade de pessoas e veículos, bem como o aumento da demanda por estacionamento, vale dizer, os impactos causados na infraestrutura urbana de circulação viária e de transportes; com relação às pessoas utentes dos trens da CPTM e Metrô, o estudo não apresenta a atual demanda e o nível de serviço prestado atualmente (sabidamente, hoje, precário nos itens de rapidez, eficiência e conforto, com trens sempre lotados) em relação aos impactos gerados nos dias de eventos da Arena; não avalia as condições de caminhamento de pedestres da estação Barra Funda até a Arena e vice-versa, em especial do local de travessia da av. Francisco Matarazzo; o RIVI não faz referência a área interna do empreendimento para a acomodação de pessoas, no período que antecede os eventos, com segurança e conforto, e mesmo para evitar que fiquem aguardando na área externa (calçadas e vias públicas);
– o RIVI expõe sua deficiência na ausência de análise quantitativa do afluxo de pessoas aos eventos e shows musicais, uso este que é diverso do uso tradicional da SEP (futebol), o que gerará, por falta de planejamento, o acionamento do poder público municipal (inclusive da Companhia de Engenharia de Tráfego – CET para resolver o problema do trânsito local), com custos suportados pelo erário, vale dizer, pelo cidadão que paga impostos na urbe (privatização dos lucros com a socialização dos prejuízos...).”

Também não foram considerados os impactos dos eventos da Arena Allianz Parque com os impactos das intervenções da Operação Urbana Consorciada Água Branca (OUCAB) – impactos cumulativos – no EIV RIVI da Arena ou no EIA RIMA (estudo de impacto ambiental e relatório de impacto ambiental) da OUCAB.
a Operação Urbana Água Branca foi desprezada pelo RIVI, que só lhe rendeu mera referência, sem analisar as implicações urbanas dessa operação com o empreendimento e vice-versa[5]; por outro lado, na elaboração do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) da Operação Urbana Água Branca, a Arena multiuso compõe elemento apenas figurativo, sem ser vista como um dos protagonistas de impacto urbanístico e ambiental;”

No Relatório de Medição de Ruídos do RIVI consta que “para o período noturno, o índice Ln mostra que os níveis de emissão integrados para todo o período noturno e considerando o tempo de uso da arena sendo três horas, estão acima do permitido na região da Rua Pedro Antonio Tomás”; “os últimos andares dos prédios da Rua Padre Antonio Tomas são os mais afetados pelos níveis de ruído produzidos”; “se não houver a cortina ou qualquer tipo de barreira para barrar o ruído produzido pelos eventos, mais habitantes serão afetados pelos níveis de ruído”. Mas a análise detalhada dos “níveis sonoros nos pontos críticos” os cenários apresentados são locais distantes da Arena e não há qualquer referência aos prédios residenciais que ficam nas ruas Padre Antonio Tomas, Turiaçu e Av. Francisco Matarazzo, apenas indicando que “em algumas situações a vizinhança imediata podem ser afetadas”. A Arena foi construída muito próxima de alguns prédios da Rua Padre Antonio Tomás.
Das 18 diretrizes fixadas pela CET na Certidão de Diretrizes e na sua revisão, 15 se referem à implantação de sinalização, faixas de pedestre, iluminação ou equipamentos de controle, e apenas 3 tratam de implantação de adequações geométricas em 5 locais.
Sobre as implantações geométricas, destacamos:
1) Implantar a adequação geométrica na Av. Francisco Matarazzo, sentido Bairro/Centro, no trecho entre a Av. Pompéia e a R. Pde. Antônio de Tomás, rebalizando a pista em 04 (quatro) faixas de rolamento através do corte do canteiro central, da reconstrução da faixa exclusiva e da parada de ônibus, incluindo a construção de jardineiras elevadas e a implantação de gradis ao longo do canteiro central.
Em dias de jogos e shows, esta quarta faixa implantada fica tomada pelas filas do público da Arena, perdendo a sua função de auxiliar a fruição do trânsito.
2) Implantar as adequações geométricas nos seguintes cruzamentos:
a) R. Padre Antônio Tomás x Av. Antártica
Concluída em março de 2014, esta adequação geométrica foi inutilizada um mês depois com a abertura de um dos canteiros de obra da drenagem do córrego Sumaré, pelo Consórcio Sumaré e SP Obras/PMSP, exatamente no mesmo local, demonstrando mais uma vez a ausência de diálogo e de planejamento para o uso do espaço e do dinheiro público, que considere o impacto cumulativo das intervenções realizadas seja pela prefeitura, estado ou particulares.
Destacamos também que outros canteiros de obras foram e serão abertos nas Ruas Padre Antonio Tomás, Turiaçú e Avenida Antártica, trazendo impacto sobre a fruição do trânsito da região.
Entendemos que os problemas relatados são graves, com grande impacto negativo na vida dos moradores do entorno da Arena, com grande custo social e público. Consideramos necessária a revisão das diretrizes previstas na Certidão emitida pela CET frente aos impactos relacionados ao volume de veículo e pedestres trazidos pelos jogos e shows realizados na Arena Allianz Parque, somados aos impactos dos demais pólos geradores de tráfego da região; assim como a revisão e atualização dos estudos de impacto e das medidas mitigadoras constantes no EIV RIV e nas autorizações de funcionamento da Arena dadas pela prefeitura. Os custos gerados pelos impactos dos eventos da Arena Allianz Parque são totalmente suportados pela sociedade e isso deve ser revisto. A solução depende de uma ação articulada do poder público e da responsabilização dos administradores da Arena Allianz Parque – Wtorre e S.E. Palmeiras com medidas rigorosas que possam contribuir para solucionar os problemas.

Frente ao exposto, solicitamos apoio do Ministério Público para solucionar os problemas aqui registrados.
São Paulo, 12 de maio de 2015.
Assinaturas no anexo

ANEXOS
1) Relatório fotográfico contendo imagens registradas nos seguintes dias de shows e jogos realizados na Arena Allianz Parque / Palmeiras: 19, 25 e 26 de novembro, 7 de dezembro de 2014; 08 de fevereiro, 07 de março, 12, 18 e 26 de abril, 03 e 09 de maio de 2015.
Estão organizadas pelos títulos:
1  Localização da Arena Allianz Parque – página 10
2  Ocupação de ruas, avenidas e calçadas por público da Arena – Shows (Paul McCartney e Roberto Carlos) – página 11
3   Ocupação de ruas, avenidas e calçadas por público da Arena – Jogos – página 31
4   Bloqueio das ruas e avenidas para entrada das torcidas adversárias – página 42
5   Conflito entre torcedores e batalhão de choque da polícia militar – página 45
6   Congestionamentos e mobilidade – página 47
7   Estacionamento em local proibido, trânsito na contramão – página 51
8   Comércio Ambulante – página 53
9   Sujeira deixada nas ruas pelos frequentadores da arena e ambulantes – página 56
10  Impactos da sede social da S. E. Palmeiras – página 58

2) Lista contendo as assinaturas que subscrevem esta carta.
3) CD contendo arquivos com EIV RIVI, Certidão de Diretrizes, IC 301/10, e vídeos.

Um comentário:

  1. Patrícia9/10/18

    Hoje os funcionários do Alianz Parque estavam impedindo PEDESTRES de entrar na rua Palestra Itália, só "permitiam" quem ia no show ou moradores. Isso é completamente ilegal, fere a constituição e o código civil!

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