OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA ÁGUA BRANCA

A comunidade da Zona Oeste quer informações mais detalhadas sobre todas as intervenções previstas na Operação Urbana Consorciada Água Branca. Quer a realização de Audiências Públicas Temáticas (drenagem, patrimônio, viário, equipamentos públicos, mudanças climáticas, uso e ocupação do solo dentre outros), e de Audiências Públicas Devolutivas, com tempo suficiente para compreensão do problema e debates/proposições, visando o estabelecimento de um diálogo maduro, responsável, competente e comprometido com a sustentabilidade e a qualidade de vida de nossos bairros e moradores.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

A revisão da Lei da Operação Urbana Água Branca não interessa à cidade

Na última quarta-feira (11), o Ministério Público Estadual recomendou o adiamento de uma Audiência Pública agendada pela Secretária Municipal de Urbanismo e Licenciamento para a próxima sexta-feira (20) sobre a revisão da Lei da Operação Urbana Consorciada (OUC) Água Branca, para que fossem feitos debates sobre a necessidade de se revisar a lei.  

Mas, na reunião do grupo de gestão realizada no mesmo dia, a prefeitura afirmou  não ter recebido essa recomendação. E manteve o evento.


A Prefeitura de São Paulo tem desconsiderado as manifestações do Grupo de Gestão, que reclamam de um processo acelerado, não debatido, irregular e desnecessário para a revisão da Operação, aprovada recentemente, em 2013.
Pelo contrário, a gestão municipal tem acelerado o processo nas instâncias do Executivo para aprová-la junto aos vereadores ainda neste ano.

Grupo de Gestão da OUCAB

A justificativa pública dada pela Prefeitura para a revisão é o desinteresse do mercado imobiliário em comprar CEPACs (certificados de potencial construtivo) cujos recursos financiam as intervenções urbanas previstas. Mas não é só isso que a Prefeitura propõe mudar.

O único leilão dos CEPACs feito até agora, em março de 2015 e já na crise econômica, não teve muito interesse do mercado que afirmou que o preço do CEPAC estava alto.  Isso não justifica reduzir o preço a quase um terço dos valores de hoje e criar equivalências (1 CEPAC pode ser igual a 3,5 m2) que reduzem muito o valor do m2 construído na região, reduzindo o valor total arrecadado.

Estimam que o total some 2,7 bilhões de reais, enquanto os cálculos anteriores superavam 6 bilhões. E este valor pode mudar, pois a lei permite alterar as equivalências. Ou seja, o valor do m2 é variável!

O mercado pagará muito pouco, menos do que pagaria no entorno da Operação, para construir em uma região que será valorizada com as intervenções propostas. A eles interessa esta revisão, que cria uma frente de expansão barata. Mesmo com o mercado afirmando que tudo vai mal, quem anda por lá vê que a região já está mudando, com vários edifícios novos e muitos lançamentos.

Ao reduzir em muito os valores obtidos com a venda de CEPACs, não será possível manter a lista de intervenções urbanas previstas na lei hoje vigente. Vai faltar recursos!

E o PL não define quais intervenções serão cortadas, e muitas delas envolvem conquistas importantes na área da moradia, equipamentos públicos educacionais e de saúde, parques, ponte...

Ainda, mesmo sabendo desta redução dos valores a serem arrecadados, o PL propõe mais uma intervenção: um edifício para um Centro de Operações, que não estava previsto na lei atual.

Alterações Urbanísticas

Apesar da SP Urbanismo afirmar que não seriam feitas, o PL prevê várias alterações urbanísticas:
·        diminui o quanto de água de chuva deve ser retido no lote, medida incluída na lei atual a partir de debates com o IPT, pois a região da Água Branca é várzea de rio e alaga com as chuvas;
·        considera várias áreas como não computáveis – varandas, hotéis, áreas de dois pavimentos destinadas ao lazer – diminuindo a metragem quadrada de CEPAC a ser comprados;
·        volta a exigir vagas de estacionamento, enquanto a lei anterior permitia que estas não fossem previstas, uma vez que a região é muito bem atendida por serviço público coletivo de massa (trem, metrô e corredor de ônibus);
·        cancela afastamentos de edificações (recuos) previstos para edificações com até 15 metros de altura; entre outros.

A quem interessa essa revisão?

A lei de 2013 foi uma conquista, fruto de um processo democrático e participativo.

A Operação tem recursos! Hoje somam mais de 720 milhões de reais, destinados para fazer 630 moradias populares, uma avenida e túnel, entre outras intervenções previstas na lei de 1995 (ou artigo 8º da lei atual). E a Prefeitura não gasta! Por que não gastar este recurso antes de propor qualquer revisão de lei?

Desde 1995, a Operação deveria ter feito 630 unidades para as famílias removidas de favelas. Entre elas, as famílias das favelas do Sapo e da Aldeinha, removidas há mais de 10 anos (!). Elas seriam relocadas no Subsetor A1 (terreno da CET), para a qual os projetos habitacionais já foram desenvolvidos, os recursos já existem, o terreno também (é público). Por que não acelerar a construção destes apartamentos, ao invés de acelerar a revisão da lei?

Se o problema era o valor de CEPAC, por que propor várias alterações urbanísticas? Não existe nenhuma definição sobre os interesses públicos em jogo, enquanto que os interesses do mercado estão claros. A quem interessa esta revisão?



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