Gazeta
Esportiva
Bruno
Ceccon – 25/09/15
Insatisfeitos
com os inconvenientes nos dias de jogos e shows no reformado Palestra Itália,
vizinhos do estádio do Palmeiras fizeram uma reunião na noite de quinta-feira.
Durante o encontro, o grupo discutiu os problemas e pensou em sugestões para
levar ao Ministério Público.
Representantes
da Subprefeitura da Lapa e da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET)
participaram da reunião com moradores de diferentes ruas localizadas nas
imediações do clube. O encontro, divulgado na Internet, motivou uma série de
insultos e ameaças em redes sociais.
De
acordo com os moradores, a ampliação e o caráter multiúso do estádio,
reinaugurado em 2014, agravaram os inconvenientes em dias de eventos. Venda e
consumo de bebidas alcoólicas, uso de drogas ilícitas, barulho, sujeira,
insegurança, tráfego intenso e bloqueio de ruas estão entre os problemas
relatados pelo grupo, bem como a tradicional aglomeração de torcedores na antiga
rua Turiassu na véspera dos jogos.
“É
preciso uma revisão na legislação atual e uma nova e específica legislação para
locais onde há arenas e estádios de futebol que regule o que pode e não pode ser
feito, normatize o acesso às regiões da cidade em dias relacionados a jogos e
shows, que respeite o direito de ir e vir e o direito ao descanso dos moradores,
e determine responsabilidades e punição rigorosa para quem desrespeitá-la”, diz
carta enviada pelos moradores aos vereadores de São Paulo.
O
grupo diz já ter entrado em contato com WTorre e Palmeiras, além da Polícia
Militar e até da Mancha Verde. Os moradores, em diálogo regular com a Promotoria
de Justiça de Habitação e Urbanismo, questionam os trâmites burocráticos
realizados para liberar a reforma do estádio e elaboraram uma espécie de
dossiê.
Os
vizinhos foram orientados a documentar os inconvenientes decorrentes de eventos
no estádio e, se for o caso, registrar boletins de ocorrência. Em breve, o grupo
deseja participar de reunião com representantes do Palmeiras, também para tratar
de problemas que envolvem o clube social em dias sem jogos, especialmente o
barulho.
Sede
da abertura do primeiro campeonato oficial do Brasil em 1902, o Parque
Antárctica passou a receber o Palestra Itália como mandante em 1917 e, três anos
depois, foi comprado pelo clube. Atualmente, além da arena, a região abriga
shoppings, hipermercados e empreendimentos imobiliários.
“O
Palmeiras foi fundado em 1914, é verdade. Mas desde então São Paulo cresceu, a
legislação mudou e as regras de ordenamento da cidade foram alteradas. Há plano
diretor, lei de zoneamento. Existe uma legislação e as pessoas têm direitos.
Quem usa o argumento de que o clube chegou primeiro está desconectado da
realidade”, disse uma das moradoras, em condição de
anonimato.
De
acordo com os vizinhos do estádio Palestra Itália, não há qualquer tipo de
motivação clubística no pleito – alguns se dizem palmeirenses. Os moradores
ainda negam que a construção da moderna arena tenha trazido valorização aos
imóveis residenciais da região, como muitos supõem.
A Gazeta Esportiva entrou em contato com as
assessorias de imprensa do Palmeiras e da WTorre. Ambas preferiram não se
manifestar oficialmente sobre o assunto. Nesta sexta-feira, a cantora
norte-americana Katy Perry se apresenta no estádio.
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Esportiva
http://www.gazetaesportiva.net/palmeiras/insatisfeitos-vizinhos-do-palestra-se-reunem-para-levar-sugestoes-ao-mp/